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Distinção das espécies do grupo Bacillus cereus em diagnóstico de rotina

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A proximidade de 7 grandes grupos filogenéticos&nbsp é muito relevante para identificar perigos microbiológicos nos alimentos e ao longo de sua cadeia produtiva

A proximidade de 7 grandes grupos filogenética é relevante para identificar perigos microbiológicos?

Breve descrição do Grupo Bacillus cereus & questões industriais relacionadas 

O grupo Bacillus cereus, também conhecido como Bacillus cereus presuntivo ou B. cereus sensu lato compreende espécies intimamente relacionadas, amplamente distribuídas no ambiente e em matrizes de alimentos. Apesar das colônias semelhantes em ágar MYP, estas espécies apresentam características altamente divergentes e a sua diferenciação continua desafiadora. Atualmente, a sua classificação baseia-se, sobretudo, em traços fenotípicos distintivos, tais como o potencial patogênico em mamíferos (B. anthracis, B. cytotoxicus, cepas eméticas/diarreicas de B. cereus) e insetos (B. thuringiensis), capacidade de causar deterioração em alimentos (B. weihenstephanesis, B. wiedmannii), termotipos, bem como a morfologia das colônias (B. (pseudo)micoides). Recentemente, 15 espécies adicionais, entre as quais Bacillus paranthracis e Bacillus toyonensis foram reconhecidas como membros deste grupo, por parcimônia.

Atualmente, a distinção das espécies do grupo B. cereus em diagnósticos de rotina continua a ser difícil, razão pela qual a identificação exata de espécie não é realizada com frequência. No entanto, do ponto de vista da indústria de alimentos, a proximidade entre estes 7 grandes grupos filogenéticos parece ser relevante para identificar perigos microbiológicos nos alimentos e ao longo da cadeia de produção (Tabela 1). Muito mais do que a identificação de espécies, a identificação do perigo com o grupo filogenético associado parece fornecer informação mais assertiva para a mitigação dos riscos.


Tabela 1: Algumas características associadas aos 7 grupo filogenéticos principais em B. cereus
_
8 Desenvolvimento a 8°C 2 Resistência ao CALOR 1,2,6 intoxicação alimentar 2,6 espécies diversidade (Testada de por métodos validados da norma ISO16140-2) 4
I - /   B. pseudomycoides

þ

II + ++ + B. cereus,
B. albus,
B. luti, 
B. fungorum,
B. mobilis, 
B. nitratireducens
B. proteoliticus
,
B. thuringiensis, 
B. wiedmannii

þ

III - +++ +++ B. anthracis,
B. cereus, 
B. pacificus, 
B. paranthracis,

B. thuringiensis, 
B. tropicus

þ

IV - ++ ++ B. cereus, 
B. thuringiensis

þ

V + 5, 8 ++ + B. cereus, 
B. thuringiensis,
B. toyonensis

þ

VI + +/- - B. mycoides,
B. clarus#, 
B. paramycoides
, B. thuringiensis, 
B. weihenstephanensis

þ

VII - +++ +++ B. cytotoxicus

þ

As espécies recentemente descritas estão indicadas a negrito e, para estas, não existe nenhuma cepa selvagem disponível nas linhagens DSMZ e NCTC, no momento * Cepas descritas com base no gene panC (% inferior a 70% enquanto que, quando superior a 90% é significativa) # Dados não publicados.

Este fluxo poderia ser adotado para identificar os perigos microbiológicos:

Etapa 1: Identificação de B. cereus presuntivo em MYP ou ágar cromogênico validado (ISO16140-2) após contagem bacteriana segundo a ISO7932

Etapa 2: identificação do grupo filogenético em 3-5 isolados utilizando a sequência panC  
(Guinebretiere et al. 2010, https://tools.symprevius.org/Bcereus/english.php)

Etapa 3: testes informativos opcionais dependendo do grupo filogenético obtido
    Grupo III: diferenciação entre estirpes eméticas (ces+) e não-eméticas (ces-)
    Grupo IV: diferenciação entre estirpes comerciais Bt

Observe que estes organismos apresentam um alto grau de conteúdo genético compartilhado, mas uma alta variabilidade plasmidial, o que acarreta um papel importante nas propriedades de plasticidade genômica e de virulência. Visto que os genes que codificam a toxina diarreica se encontram no cromossomo bacteriano, todas as cepas têm o potencial de produzir estas toxinas, o que limita a distinção do perigo a partir de ces+, cytk1+ (ver testes opcionais na norma ISO7932:2005/Amd1:2021).
 

> Ler também o artigo na íntegra: GRUPO BACILLUS CEREUS : PERSISTENT AND HARMFUL TOXIN-PRODUCING MICROORGANISMS IN THE FOOD INDUSTRY[MICRORGANISMOS PRODUTORES DE TOXINAS PERSISTENTES E NOCIVAS À INDÚSTRIA ALIMENTAR]

> Faça o download da versão completa da classificação do grupo Bacillus cereus em formato de tabela (Classificação até setembro de 2021)

Florence Postollec
Escrito por
Florence POSTOLLEC

ADRIA project manager, UMT ACTIA coordinator on the risks associated with spore-forming bacteria in the food industry

Picture Isabelle DESFORGES
Escrito por
Isabelle DESFORGES

Global Marketing Scientific Manager / Scientific Affairs

Food Business Industry Unit, bioMérieux SA, France

French Delegate of Food Microbiology Standardization committees
(AFNOR V08B, ISO/TC 34/SC 9 and CEN/TC 463)

Referências

1- Afchain AL, Carlin F, Nguyen-The C, Albert I. Improving quantitative exposure assessment by considering genetic diversity of B. cereus in cooked, pasteurised and chilled foods. Int J Food Microbiol. 2008 Nov 30;128(1):165-73. doi: 10.1016/j.ijfoodmicro.2008.07.028. Epub 2008 Aug 5. PMID: 18805600.

2- Guinebretière MH, Thompson FL, Sorokin A, Normand P, Dawyndt P, Ehling-Schulz M, et al. Ecological diversification in the Bacillus cereus Group. Environ Microbiol. 2008 ;10:851-65. [referência 16 da tabela de classificação completa do Excel]

3- Guinebretière MH, Velge P, Couvert O, Carlin F, Debuyser ML, Nguyen-The C. Ability of Bacillus cereus group strains to cause food poisoning varies according to phylogenetic affiliation (groups I to VII) rather than species affiliation. J Clin Microbiol. 2010 Sep;48(9):3388-91. doi: 10.1128/JCM.00921-10. Epub 2010 Jul 21. PMID: 20660215; PMCID: PMC2937725.

4- ISO16140-2 validation report of chromogenic media https://nf-validation.afnor.org/domaine-agroalimentaire/bacillus-cereus/

5-  Le Marc Y, Buss da Silva N, Postollec F, Huchet V, Baranyi J, Ellouze M. A stochastic approach for modelling the effects of temperature on the growth rate of Bacillus cereus sensu lato. Int J Food Microbiol. 2021 Jul 2;349:109241. doi: 10.1016/j.ijfoodmicro.2021.109241. Epub 2021 May 11. PMID: 34022612.

6- Luu-Thi H, Khadka DB, Michiels CW. Thermal inactivation parameters of spores from different phylogenetic groups of Bacillus cereus. Int J Food Microbiol. 2014 Oct 17;189:183-8. doi: 10.1016/j.ijfoodmicro.2014.07.027. Epub 2014 Jul 30. PMID: 25171111.

7- Sabrina Cadel Six, Marie-Laure De Buyser, Marie-Léone Vignaud, Trinh Tam Dao, Sabine Messio, Sylvie Pairaud, Jacques-Antoine Hennekinne, Nathalie Pihier, Anne Brisabois, Toxi-infections alimentaires collectives à Bacillus cereus : bilan de la caractérisation des souches de 2006 à 2010, BHE Hors-série 9 mai 2012 | https://www.santepubliquefrance.fr/maladies-et-traumatismes/maladies-infectieuses-d-origine-alimentaire/toxi-infections-alimentaires-collectives/documents/article/toxi-infections-alimentaires-collectives-a-bacillus-cereus-bilan-de-la-caracterisation-des-souches-de-2006-a-2010. [referência 17 da tabela de classificação completa do Excel]

8- Webb MD, Barker GC, Goodburn KE, Peck MW. Risk presented to minimally processed chilled foods by psychrotrophic Bacillus cereus. Trends Food Sci Technol. 2019 Nov;93:94-105. doi: 10.1016/j.tifs.2019.08.024. PMID: 31764911; PMCID: PMC6853023.

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